MANIFESTO


“Um caminho para a Sabedoria Helênica e seus Deuses”

(Por A.Demétrios H.S.R., dirigente do projeto Hierokrithari/Casa de Deméter)


Desde seu nascimento em 2017, a comunidade Hierokrithari vem acolhendo e orientando novos devotos dos antigos deuses do panteão helênico. Este Manifesto visa proporcionar aos interessados uma maior compreensão de como o grupo funciona, a abordagem ao que comumente chamam de “Helenismo”, e posicionamento em relação a questões modernas.Em 2025 um novo passo em nossa jornada coletiva é dado, e a estrutura e denominações são modificadas para se adequar a realidade do público neopagão, sem nos afastar de nossa proposta essencial: formação de comunidade presencial e virtual composta por membros de várias partes do país dedicada ao estudo e prática da religião helênica e todos os aspectos da tradição helênica diretamente relacionados. Nosso objetivo não é somente ensinar a cultuar um deus ou outro, o que seria uma tarefa bastante simples

1. 1 O QUE SOMOS E O QUE FAZEMOS?

O [Projeto Hierokrithari] é o Círculo Externo, que abarca inúmeras metas, a curto e longo prazo, guiado pelo permanente desejo de divulgar e fortalecer o politeísmo helênico em solo brasileiro, coordenados por membros do Núcleo, denominado “Casa de Deméter”.

O principal objetivo do P. Hierokrithari é auxiliar os interessados em conhecer mais a antiga tradição politeísta grega e em como proceder na atualidade, na sua vida devocional particular, contudo, desejosos de estarem alinhados com a Sabedoria Helênica.

É um espaço virtual caracterizado por membros cujas intenções são apenas interagir minimamente com semelhantes helenistas e tirar dúvidas, sem pretender participar ativamente de prática coletiva e direcionada como ocorre no Círculo Interno. Esses tipos de grupos podem ser temporários e ocasionalmente atividades devocionais podem ser propostas.

Consulte os grupos disponíveis e seu funcionamento.

1.2 CASA DE DEMÉTER: O NÚCLEO OU CÍRCULO INTERNO

Composto por membros que nos acompanham há um bom tempo e se sintonizam com nossas propostas e práticas conjuntas, comprometidos e ativos, mesmo a distância, no caso de residentes de outros estados. Pessoas verdadeiramente interessadas em formar comunidade.

A Casa de Deméter, iniciada pelo dirigente A.Demétrios H.S.R, juntamente com demais membros oficiais, é a mantenedora dos possíveis subgrupos do Círculo externo que venham a existir.


2. NOSSA ABORDAGEM:

Compreendemos essa tradição como um maravilhoso “todo”, complexo, uno e múltiplo, na qual a “religião” é apenas uma fração das diversas expressões culturais do povo helênico. Cosmovisão que propõe perspectiva distinta da dominante em relação ao Divino, ao Cosmos e ao Ser Humano.

Em resumo, o renascimento do "paganismo" no século XX foi encabeçado por movimentos ecléticos, com influências do ocultismo e teorias da Nova Era (ex.Wicca). Pouquíssimo disso ou nada lembram os respectivos caminhos religiosos dos Deuses antigos. Daí surge, mais tarde,o movimento do "Paganismo Reconstrucionista", visando uma abordagem que contemplasse dados históricos como embasamento das práticas e crenças. Contudo, existem algumas problemáticas que envolvem o movimento reconstrucionista e, portanto, não utilizamos este conceito para nos definir. Apesar disso, na prática, mantemos semelhanças.

Além desse movimento dentro do Paganismo moderno, existia a revitalização da religião nativa dos helenos (gregos), não tão divulgada quanto ao que se passava no Paganismo norte-americano. A grande diferença é que os helenos desejam restaurar algo que lhes pertence por ancestralidade, antes do genocídio cultural perpetrado pelo Cristianismo. É a restauração da sua tradição originária.

Definição de TRADIÇÃO, segundo o site da comunidade helênica politeísta Y.S.E.E:

“A tradição nada tem a ver com folclore local, nem com os diversos costumes locais registrados pelos folcloristas. A tradição tem a ver com as origens e a transferência ao longo dos séculos de um conjunto de noções, perspectivas e concepções que ajudam as pessoas que fazem parte viva da tradição específica a interpretarem a si mesmas e ao ambiente natural e moral de uma forma muito específica. A tradição é uma forma de ver e o conhecimento transferido de uma geração para outra, passando pelos filtros das diferenciações sociais e morais e alcançando seus participantes sempre precisos e respeitados. A tradição concentra na sua essência tudo o que existiu; todas as formas, as narrativas, o não dito, os mitos, os ritos que foram expressos dentro do seu contexto no passado e, ao mesmo tempo, tudo o que ainda não foi expresso, mas existe em estado de potencialidade. A qualquer momento, a tradição está completa e ao mesmo tempo tem capacidade de evoluir. Incorpora o conhecimento interno que coexiste harmoniosamente com todos os aspectos da vida: pessoal, coletivo, político. É uma transferência universal e uma experiência universal, dado que a única coisa que pode variar entre os seus diferentes participantes é a extensão e a qualidade desta transferência e experiência. A tradição é sempre objetiva (ao contrário da percepção e visão subjetiva e individual). É sempre ancestral e étnico. Nunca pode ser imposto de uma nação a outra. Não existe tradição compartilhada por mais de uma nação.”

(frequently asked questions about the hellenic ethnic religion and tradition)



Nosso lugar de fala aqui não é o de herdeiros étnicos dessa tradição. Talvez o que mais nos caracteriza seja o termo PHILELENOS, [os que amam ou admiram os helenos, a cultura helênica].

Portanto, em nosso contexto fora da Grécia, sem qualquer descendência grega, ou sem qualquer um de nós a participar de grupos de lá, poderá nos conferir características muito próprias (elaborar ritualísticas ou interpretações que nos atendam especificamente). O que não significa que seguimos tendências ecléticas. As bases de nossas práticas sagradas são sempre oriundas do mundo helênico.

Independente de como cada membro se denomine (reconstrucionista, helênico, helenista, etc) o que mais importa enquanto grupo é o preceito essencial de que toda a tradição grega politeísta educa acerca de vários assuntos, principalmente nos âmbitos teológico e ético. A Mitologia, a Filosofia, o Teatro, a Poesia (Homero, Hesíodo, Safo e tantos outros menos conhecidos), Orfismo , Mistérios Eleusinos e Baquicos ,etc. Gradativamente devemos entrar em contato com um pouco de cada antiga “voz” helênica. E, tão importante quanto, buscar acompanhar o trabalho de grupos gregos politeístas modernos para conhecermos mais.


Valorizamos a pesquisa ativa dos membros, pois cada um é responsável por sua vida devocional. E ao dialogarmos com uma tradição étnica e interrompida no tempo, faz-se necessário o estudo.

Importante: temos ciência de que existem inúmeras sendas religiosas não vinculadas a tradição helênica que, no entanto, também se apresentam como caminhos para os Deuses e isso tem gerado há bastante tempo conflitos dentro da comunidade “neopagã”. Isso não é peculiaridade do neopaganismo, subdivisões de uma mesma tradição são comuns em outras religiões.

Diante disso, a posição oficial do Hiero é: possuímos abordagem e funcionamento próprios, que cabem somente aos que aderem ao nosso Projeto. Frequentes são as discussões e reflexões internas, buscando equilibrar criatividade/inovação com saberes ancestrais que, contudo. A abordagem de outros grupos ou indivíduos estão fora de nosso interesse, tão somente a nível de curiosidade. Pluralidade e

Divergências sempre foram realidade, mesmo dentro do próprio Helenismo antigo e precisamos lidar com elas inspirados pela Diplomacia, evitando se perpetuar rixas desnecessárias e desgastantes (dentro e fora das comunidades helenistas). Que cada um escolha o ambiente espiritual que melhor lhe atende e viva em paz com suas decisões.


3. Teologia

Teologia é uma palavra grega cunhada e utilizada muito cedo pelos antigos, significando algo como “discurso ou estudo sobre a classe divina, sobre os Deuses”. Para personalidades importantes como Platão e Aristóteles, teólogos são os poetas, os sacerdotes e os mistagogos. Os filósofos, em suas investigações sobre o Cosmos, normalmente dedicam espaço em suas obras sobre Teologia, contribuindo com o assunto.

A mitologia não é um livro sagrado e menos ainda revelado. A palavra "religião", inclusive, sequer existe em grego. Os autores das obras sobre a "religião" grega, que são muitas, devem sempre esclarecer que usam o termo de forma análoga, já que também os gregos se "re-ligavam" aos deuses mediante sacrifícios, oráculos, etc. Mas não se "re-ligavam" ao criador, uma vez que não havia deuses criadores, nem promulgadores de regras de conduta, nem nada do gênero. Sem essa liberdade de espírito própria do mundo chamado "pagão", a filosofia talvez não tivesse nascido. Isso não foi obstáculo para que houvesse numerosos processos por impiedade, mas eles foram consequência do caráter "político" dos deuses gregos (cada pólis entendia estar sob a proteção de um deus, garantia das leis), equivalentes a nossos símbolos pátrios; necessários, acreditava-se - ainda se acredita - para a coesão social. Uma sentença do escritor Nikos Kazantzakis, um grego "moderno", resume a atmosfera espiritual que respiraram os iniciadores da filosofia: "Não espero nada, não temo nada: sou livre". A liberdade de pensamento ignora paraíso e inferno.”

(Nestor Luís Cordero, A invenção da Filosofia, editora Odisseus)

Desta forma, a tradição politeísta helênica não era dogmática ou controlada por uma casta sacerdotal e havia certa liberdade de crença, desde que não caísse no ateísmo e no desrespeito aos cultos ancestrais.

Aqui defendemos um preceito muito básico de que os Deuses são Potências ou Poderes Ordenadores do Cosmos, que podem se revelar e agir de diversas formas. Como essa ideia se desenvolve em detalhes, cabe a cada um estudar como os Deuses se apresentaram aos antigos, o que dizem os inúmeros teólogos, e na sua relação com os Divinos irem construindo seus saberes. Contudo, assim como os helenos, rechaçamos teorias que degradem o divino ou que produzam qualquer tipo de atos devocionais degradantes ou que ofereçam riscos de vida ao devoto ou a outras pessoas.

"Sendo o ateísmo uma opinião infundada de que não há nada essencialmente feliz e incorruptível, parece levar a alma a um estado de insensibilidade através da descrença na divindade; e seu objetivo em não acreditar em deuses é não ter medo deles; enquanto para superstição (temer a divindade), seu próprio nome mostra que se trata de uma opinião que envolve paixão (sentimento), e uma concepção que engendra um medo que humilha e esmaga um homem, na medida em que ele acredita que existem deuses, mas que eles são rancorosos e travessos pois o ateu parece ser alguém que é insensível ao que é divino; o homem supersticioso parece ser sensato da maneira errada e, portanto, pervertido. Pois a falta de conhecimento produziu nele uma descrença no benfeitor: enquanto noutro caso, acrescentou-se o medo de que o mesmo poder seja maligno. consequentemente, o ateísmo é a razão enganada, a superstição é uma paixão que surge de um raciocínio falso.

(Plutarco, Sobre a Superstição)

Conheça mais sobre a Teologia Helênica no link https://casadedemeter.com.br/teologia-helenica

“Nada em excesso”

(Máxima Délfica)

4. Deuses Patronos:

Deidades tutelares do grupo, como reis e rainhas responsáveis diretamente pelo nosso bem-estar, análogas às antigas divindades “políades” (guardiãs da pólis). São Elas: Deméter-Koré, Zeus e Hera, Dioniso e Afrodite, Atena e Apollo. Héstia está sempre no centro, de acordo com a tradição.

Ao lado dos deuses propriamente ditos, os helenos reverenciavam a classe heróica como guardiã local, normalmente - porém, não somente - os personagens semidivinos apresentados nas epopeias. O culto era local, em torno da sacralidade do túmulo do respectivo herói. Em épocas históricas, recebia culto heróico o ser humano que em sua vida apresentou Areté (Excelência, Poder, Virtude) em alta medida e possuía valor para determinada comunidade. Contudo, há evidências de heróis que se tornaram tão populares cujo culto se espalhou para além de seu lugar de origem.

Para nós, os heróis e heroínas da tradição helênica são principalmente exemplos de Areté e são honrados por isso. Até o momento, Triptolemos, por sua relação íntima com Deo, possui local de destaque..

4.1 Centralidade de Deméter

A deusa Deméter recebe em nossa comunidade posição proeminente, sendo honrada como “Megále Theá”, Grande Deusa (título honorífico), resultado de um processo que se deu naturalmente através de inúmeros simbolismos e reflexões acerca deles. Esta relação é construída e reconstruída continuamente, podendo gerar ainda uma pluralidade de significados e práticas.

A memória mais popular sobre a deusa Deméter é a da sua preocupação materna por Koré expressa no mito do Rapto. Contudo, como com qualquer outra divindade helênica, o domínio divino é extenso e profundo. De acordo com Maria Lúcia Gili:

“Réia, primordial fonte ctônia de toda a fecundidade, enquanto matriz geradora de Zeus que, definindo os âmbitos de poder dos deuses em geral, faz do mundo uma explicitação do seu poder, compartilha da natureza de sua mãe Terra, geradora das bases para a instauração da ordem de Zeus. Do mesmo modo Deméter partilha da natureza de sua mãe Réia enquanto potência ctônica fecunda que, produzindo o fruto da terra, é, num primeiro momento, a mantenedora da vida humana e, num segundo, a sustentadora dos imortais, ou das “formas fundamentais do mundo” (Hino Dem. 310-312).

Nesse sentido, Terra, Réia, Deméter e seu duplo Perséfone completam um ciclo: Terra, de amplo seio, é sustentáculo de tudo quanto existe, Réia é matriz geradora de tudo o que existe, Deméter é potência fecunda, que necessita da filha, como seu duplo, para fazer circular no mundo invisível e aflorar, no mundo visível, a sua força fecunda, produtora do alimento que mantém o homem vivo, homem esse que usufrui de tudo quanto existe e por isso gloria o sagrado ser dos imortais.”


Na devoção doméstica e cotidiana dos membros do Núcleo, Deméter é integrada ao grupo de deuses domésticos, através de um epíteto atestado em Corinto, “Epoikidiê” ou “Epikidií”, senhora do lar. Ou ainda “Oikodespina”, senhora da casa.

O culto aos deuses domésticos é essencial na tradição helênica politeísta, e são eles: Héstia, Agathos Daimon, Apollo Aguieus, Hecáte, Hermes Propileus, Herácles, várias “qualidades” de Zeus (Sóter, Herkeios, Ktesios,e outros).

“Sou Deméter honrada, a que é grandíssima valia e alegria para os imortais e mortais.”


(Versos do Hino Homérico a Deméter, trad. de Maria Lúcia Gili Massi)

Para saber mais sobre as diversas dimensões da Deusa Deméter e sua Filha honrados em nosso sistema, acesse: https://casadedemeter.com.br/as-grandes-deusas


5. CALENDÁRIO:

Foi desenvolvido um calendário próprio que busca conservar algumas festas tradicionais antigas (especialmente de Atenas), assim como inserir celebrações com temas e datas próprias. O objetivo geral é que possamos honrar os 12 maiores Deuses ao longo do ano. Dessa forma, em cada mês lunar teremos uma deidade principal para fins de estudos e culto, somado aos dias tradicionais dentro do mês lunar seguindo a referência ática.

Uma vez que o calendário dos antigos é recheado de festejos que nossa vida atual não permite seguir à risca, este nosso projeto visa facilitar a vivência devocional. É experimental, pode sofrer alterações nos próximos anos, novas datas podem ser incluídas, sempre de acordo com a necessidade e inspiração. Outros grupos modernos, inclusive gregos, montaram seus próprios calendários também, mais enxutos.

Saiba mais em https://casadedemeter.com.br/calendario-hierokrithari

6. MODO DE VIDA

Como explicado mais acima, nossa abordagem abrange parcialmente o “culto historicamente alinhado” conjuntamente com a sabedoria antiga para vida cotidiana (seguindo o método ação-reflexão-ação visando contemplar novos tempos e contextos).

Paideia pode ser traduzida como "formação", é a educação dos gregos, onde confluem e se propagam os valores helênicos; era a proposta de formação humano-intelectual dos cidadãos gregos na busca pela excelência humana. Um grande Helenista, Werner Jaeger, diz que o propósito da educação grega é formar um "homem são" . Bom e belo, nas palavras da filosofia. Recursos da Paideia: poesia, as obras teatrais, os processos jurídicos (onde nos discursos se expõem os valores da comunidade), a música, a ginástica e a Filosofia.

O sistema ético grego gira em torno da Areté, Virtude ou Excelência. Desde Homero, passando por Hesíodo, até legisladores como Sólon, até os filósofos de todas as épocas, a Areté é central, se diferenciando um pouco em seu conceito dependendo da época. O que se mantém constante é o propósito último: modelar um ser humano sadio, excelente, forte.

Cada um é responsável por conduzir sua própria vida, e o Helenismo pode e deve servir como um farol. Autonomia é um dos pilares helênicos.

"O homem feliz vive bem e se conduz bem, pois praticamente definimos a Felicidade (Eudaimonia) como uma forma de viver bem e conduzir-se bem.”

(Aristóteles, Ética a Nicômacos)

“O que se exige do ser humano é que, se possível, seja útil ao maior número de semelhantes. Caso não consiga, sirva a poucos, ou aos mais próximos, ou a si mesmo. Ao tornar-se útil aos demais, acaba por iniciar um trabalho social. Da mesma forma, quem se degenera prejudica não apenas a si, mas também a todos os quais poderia ajudar caso fosse uma pessoa melhor, quem se aprimora já beneficia os outros, já que prepara quem vai poder ajudá-los no futuro"

( Sêneca, Da vida retirada)

7. QUESTÕES MODERNAS

Condutas que a Casa e seus subgrupos defendem:

  1. A Valorização da diversidade do ser humano, respeitando: orientação sexual, raça, crença religiosa, a neurodiversidade, etc.

  2. Temos ciência de que a comunidade pagã é notável por acolher o público LGBTQI+, porém, sabemos que há grupos especificamente dentro do espectro helenista que são resistentes à união homoafetiva. A conduta do Hiero é defender a validade e sacralidade de toda forma de amor entre adultos conscientes e de comum acordo.

  3. Sabemos que existem formas religiosas que não aceitam a diversidade de caminhos sagrados e ainda propagam difamações. Não incentivamos a violência contra esses que nos atacam, mas nos reservamos no direito de defender nossas crenças através da Informação Correta e produção de conteúdo.

  4. De modo geral, reiteramos as pautas estabelecidas pelos Direitos Humanos. Para saber mais, acesse O que são direitos humanos?.




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